05/11/2023
Entre o Sonho e o Pesadelo
A louca está de volta. Se é que alguém está lendo isso. Mas sinceramente espero que não haja ninguém, pois a história que contarei beira ao rídiculo. Todavia o 'rídiculo' muitas vezes é só uma forma agressiva de lidar com o quê parece absurdo. Então por mais inacreditável que pareça é uma história que merece ser contada, antes de cair no completo esquecimento.
Já faz alguns anos desde escrevi pela última vez neste site, e as motivações são as mesmas, nada mudou então por quê perder meu tempo relatando tais insanidades? Eu digo o porquê: Para que meu eu do futuro possa vim e ler o relato.
Tudo começou com uma brincadeira. Um jogo de RPG que me deixou fissurada, ao ponto de tecer histórias com o mesmo vício com o qual eu redigia minhas aventuras sobrenaturais no mundo real.
Na história encarnei em Helena Montgomery, uma bruxa que era filha do antigo anticristo Michael Langdon e da bruxa Madison Montgomery. O quê automaticamente fazia de mim a neta do próprio Satã. (Ah, os velhos hábitos sempre estão presentes, não é?) A trama em si era bem simples, eu era uma bruxa que manifestou seus poderes por meio de um trauma, quando por acidente, matei um colega que a meu pedido tentou me ajudar ao outro lado por meio do enforcamento. Minha telecinese se manifestou e ele perdeu o ar, sofrendo uma hemorragia como se fosse um vulcão em erupção. Meus pais usando suas influências ocultaram o evento, e me enviaram para a academia Robichaux, onde poderia aprender a controlar meus poderes. Algo bem característico de tais jogos.
A primeira coisa estranha que aconteceu, foi que uma das habilidades de Helena eram os ventos cortantes, e quando me concentrei para construir uma cena de batalha, no dia seguinte a janela da minha casa rachou, despedaçando-se como se ventos cortantes tivessem passado por ali. No entanto não parei de jogar, pois desde sempre, as bizarrices me acompanham, como companheiras que nunca me abandonam.
O problema começou mesmo, quando os jogadores, enfim se deram conta de que eu tinha uma conexão sanguínea com o cara mais poderoso do multiverso que criamos. As bruxas decidiram me tratar diferente, como se o fato de ser neta de Satã, me tornasse o próprio diabo e o mal em pessoa, porquê meu avô tinha decidido que, eu teria de assumir aos negócios da família, mesmo que tenha lhe dito que não faria.
O bullying começou. O isolamento se fez presente, e a sombra da vilã voltou a me cercar, por isso me senti mal, ao ponto de sair do jogo, após ser consumida por uma sombra que, me levou direto para o inferno, onde me tornei uma marionete do diabo. Sim. Um final dramático. Só que depois quis retornar, não como a Helena fraca que se culpava pelas mortes, mas sim a espada do novo anticristo: Lucious. A arma daquele que governaria o mundo quando o Apocalypse se repetisse.
O plano entrou em ação. Assumi a história de Helena e Lucious, como um casal criado por Satã, que os chamava de As Grandes Bestas, tal como em Apocalipse 13 que cita um monstro que vem do mar, e outro que vem da terra. Helena e Lucious mantiveram as bruxas distraídas, e os portais do inferno foram abertas, libertando os demônios que viriam para a Terra, para fechar pactos com os satanistas que, caçariam as bruxas, sob o véu da 3° Guerra Mundial que, se iniciara somente para encobrir as muitas mortes que, iriam acontecer por todo o globo.
A questão é que, sob a face da Helena sombria que, tinha o apoio de Lucious, eu me tornei uma vilã e passei a brincar com a mente das jogadoras, exibindo seus temores reais em vez de me ater aos personagens. Foi como se Helena e Luciféria fossem uma só, e a cada vez que a princesa das trevas era atacada na ficção, minha chama queimava as pessoas por trás das avatares, atormentando-as como se eu fosse o próprio demônio que provocaram.
Percebi que estava me corrompendo, por isso mudei o rumo da história de Helena. Mas era tarde demais, pois as jogadoras tinham certo receio de jogar. Assim acabei por destruir o arco, pois tudo tinha fugido do controle. Deste modo o fim de Helena foi trágico. Ela surtou diante do desastre que causou ao mundo por se sentir rejeitada, e matou seu par, utilizando a espada que se manifestava de dentro da sua carne, e concedia o desejo do seu coração. Lucious, o misterioso príncipe demoníaco que dominava os sonhos, morreu em seu leito pelas mãos da mulher por quem se apaixonou, e assim a bruxa viajou no tempo, para estrangular a si mesma, antes de despertar e trazer o inferno ao mundo. Só que como sua versão do futuro eliminou seu eu do passado, isso gerou um paradoxo temporal, por isso a mesma continuou a existir. Isolada da sociedade, a ocultista de sangue celestial foi viver numa província da Itália, onde passou o resto de sua existência, solitária e lendo livros sobre como controlar seus dons.
Tudo teria ficado bem. Se a história de Helena não viesse para o mundo real. É. Isso mesmo, o conto fugiu para a realidade. Assim como na história o portal do inferno foi aberto por culpa de Helena, um portal também se abriu no mundo real. Então uma escola de crianças foi atacada em Blumenal, e o homem que organizou as cabeças delas de forma ritualística, tal como os satanistas que usaram uma cortina de fumaça, para esconder o quê realmente estava acontecendo disse que era um jogo entre assassinos para ver quem matava mais. Todavia um ocultista renomado se pronunciou sobre o caso, e trouxe a tona o meu pior temor, não era um jogo, e sim um ritual destinado a agradar o demoníaco Moloc. Ou seja tal como na história pessoas estavam a agir, em nome de um pacto com forças do inferno.
Eu devia ter parado ali. Helena era o meu caos transcrito. Mas eu não parei, e com o advento do Chatgpt as coisas ficaram ainda mais estranhas.